quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Planejamento Agrícola

Sistema de Produção de Leite com Pastejo Intensivo, Rotacionado e Irrigado

Alvo de 600 Litros de Leite/dia e Implementação da Cultura de Milho (sequeiro para silagem)

 Descrição da Propriedade 

A partir de pontos geodésicos determinados “in loco”, aferidos por GPS Garmim 76CSX e do cruzamento destes pontos geo-referenciados com dados e imagem do Google Earth, foi determinada a relação de proporção em software CAD e estabelecida a área total do projeto.
Com a utilização das informações do programa Google Earth referente a altimetria foi traçada as altitudes existentes no terreno, sendo que a altitude máxima é de 453m, a altitude mínima é de 435m, e a altitude da fonte da água é de 453m, ou seja, há um desnível total de 18m.


Descrição do Projeto

O projeto foi desenvolvido em área total de aproximadamente 113.250,44m² que foram divididos em onze lotes, sendo:
  • Lote 1 (Vacas Lactantes) - Área = 10.239,43m²

  • Lote 2 (Vacas Lactantes) - Área = 11.116,25m²

  • Lote 3 (Vacas Secas) - Área = 5.472,86m²

  • Lote 4 (Recrias - Lactentes de 0 à 60~90 dias) - Área = 852,67m²

  • Lote 5 (Recrias - de 91 à 180 dias) - Área = 11.369,91m²

  • Lote 6 (Recrias - de 181 à 240 dias) - Área = 1.850,17m²

  • Lote 7 (Recrias - de 241 à 420 dias) - Área = 1.463,79m²

  • Lote 8 (Recrias - Aptos a Inseminar) - Área = 1.708,83m²

  • Lote 9 (Pré Parto) - Área = 2.319,06m²

  • Área 10 (Silos) - Área = 2.902,84m²

  • Área 11 (Cultura de Milho) - Área = 63.954,63m²


Detalhamento do Planejamento Agrícola


A) Dessecação 

Será dessecada apenas a área determinada para a cultura, por tanto, 110.347,6m², aproximadamente. Esta operação deve ser realizada com equipamento adequado (Tanque de Pulverização, acoplado a Trator) e dessecante do tipo Glifosato (Roundup) com ou sem aditivos (Ureia, redutores de pH) para melhor desempenho, conforme indicação agronômica.
Para a execução desta operação é necessário que haja umidade presente no solo e no microclima (início das chuvas) e deve ser executada preferencialmente nas horas mais frescas do dia (amanhecer) e em seu preparo, para a diluição deve ser utilizada água com PH adequado, conforme recomendações do fabricante.
O tempo estimado para toda a operação de dessecamento é de aproximadamente 3 horas.


B) Subsolagem 

A subsolagem é realizada com o implemento sub-solador de uma ou mais hastes e tem por objetivo a eliminação de impedimentos físicos que comprometam o desenvolvimento da cultura. 
Esta operação deve ser realizada com o solo pós "Ponto de Murcha", com pouca umidade, pois as hastes do sub-solador necessitam estrondar as estruturas do solo em todo o perfil até a profundidade alcançada pelas mesmas (60 a 70 cm aproximadamente). Sua realização em terreno úmido apenas promove fissuras no trajeto das hastes. 
A subsolagem deve ser promovida em toda área da cultura, ou seja, 110.347,6m², aproximadamente. 
O tempo desta operação será de aproximadamente 23 horas.

C) Correção de Acidez do Solo-PH 

A correção de acidez do solo será feita com a utilização de Calcário Dolomítico e Gesso agrícola segundo recomendação agronômica, mediante análise de solo e visa a neutralização de elementos tóxicos e para posterior favorecimento à disponibilidade dos elementos contidos nos adubos aos vegetais da cultura. 
Essa operação é realizada por equipamentos apropriados (Esparramadeira de Calcário e Pá Hidráulica para recarga da Esparramadeira) acoplado a Trator. 
O tempo para a realização desta operação será de aproximadamente 3 horas por cada uma de 2 etapas, totalizando 6 horas com recargas. 
A primeira etapa consiste na distribuição de 50% da carga de insumos indicada por sobre o solo. E a segunda, a distribuição dos restantes 50% da carga, após a aração de tombamento da área.



D) Aração 

A aração consiste no processo de inversão, por tombamento, da camada superior do solo (40 cm aproximadamente), visando a disponibilização de nutrientes e a aeração desta camada de solo. 
Promovida após a "calagem" promove também a incorporação deste insumo levando-o à camadas inferiores do solo, que seriam atingidos apenas ao decorrer do tempo por percolação, agilizando assim o processo de "tamponamento" (Neutralização / Alteração de PH). 
O tempo estimado para execução da Aração é de 15 horas em toda a área da cultura.


E) Gradagem 

A gradagem promove o nivelamento e a incorporação de nutrientes ao solo e pode ser executada em 2 fases, a exemplo da aração. 
A primeira fase visa o nivelamento do terreno arado e pode ser executada em seguida à aplicação da segunda etapa de aplicação dos insumos de correção do solo (Calcário e Gesso). 
A segunda fase deve ser executada cerca de 30 dias após a primeira fase e em seguida à aplicação de adubos orgânicos visando a incorporação da matéria orgânica ao solo (O prazo de 30 dias decorre da necessidade de tempo para a reação do calcário/gesso com os íons do solo e se antecipada pode causar a indisponibilidade de nutrientes que reagirão com os insumos mencionados reduzindo seu potencial e adubação). 
O tempo estimado para esta operação é de 10 horas por etapa, totalizando 20 horas.

F) Conservação de Solo: Obs.: apenas correção - opcional 

A conservação de solo visa reduzir os efeitos da erosão e a manutenção da água proveniente da chuva no corpo do solo, facilitando sua infiltração.

F.1) Demarcação de Curvas de Nível 

Com a utilização de equipamentos apropriados (Teodolito / Nível Óptico / Estação Total de Georreferenciamento ou Mangueira com Hastes Graduadas para Transferência de Nível) serão demarcadas as curvas de nível necessárias à conservação. 
Por se tratar de cultura permanente, em solo predominantemente "médio" (teor de areia) e de topografia em desnível de aproximadamente 7 %, as curvas distanciar-se-ão 18,60 m uma da outra. Sendo que a primeira será demarcada à metade desta distância, à partir da divisa da gleba, no seu nível mais alto (seringueira) e deverão estender-se por toda a área de 110.347,6m², incluindo assim a área de plantio. 
O tempo para a demarcação será de aproximadamente 24 horas.

F.2) Levantamento de Curvas de Nível 

As curvas indicadas são as tipo "passante" ou de base larga, constituídas com cerca de 5 a 6 m em sua base (Jusante + Montante),"levantadas" (construídas) com equipamento apropriado (Terraceador, Arado Aiveca ou Arado de Bacia, acoplados a um Trator). 
A construção deste tipo de curva de nível requer 18 movimentos, cumpridos com o equipamento. 
O tempo médio para esta execução é de aproximadamente 100 m de curva por hora, totalizando 71 horas de serviço (Tempo estimado com o uso de Arado de Bacia acoplado em Trator de 75 Hp, podendo ser reduzido com o uso de outros equipamentos.)

G) Adubação de Correção 

Os solos muitas vezes encontram-se em estado de menor favorecimento ao desenvolvimento das culturas por ter sua capacidade de sustentação à vida exauridos pelo uso sem reposição de nutrientes. 
A adubação corretiva visa a recuperação do solo e de sua capacidade de mantença.

G.1) Adubação Orgânica 

A adubação corretiva orgânica tem por objetivo a reposição de estruturas carbônicas/orgânicas no perfil do solo. Essas estruturas são responsáveis pelo melhor desempenho vegetal no aproveitamento de água e nutrientes, refazendo também a flora microbiota do solo. Além de fornecer quantidades de nutrientes que atendem parte das necessidades das plantas. 
A adubação orgânica se faz necessária em toda a área de pasto, pois a necessidade deste vegetal por matéria orgânica é alta. 
A recomendação é de inserção de 1 kg/m² de esterco de galinha poedeira antes da segunda gradagem, totalizando 46.392,97kg. 
O tempo estimado para essa operação é de 3 horas e se faz necessário o uso do equipamento "esparramadeira de leque" (Esparramadeira de Calcário de Leque), acoplada ao trator.

G.2) Adubação Química 

A adubação química de correção complementa a reposição de nutrientes e da adubação orgânica, disponibilizando no solo os nutrientes necessários às plantas. 
A aplicação dos adubos químicos devem seguir a recomendação agronômica, de acordo com o resultado das análises de solo. 
O tempo de aplicação estimado é de 2 horas, utilizando a esparramadeira de calcário.


H) Irrigação


Localização da Área de Projeto de Irrigação



 

Descrição do Projeto de Irrigação


O projeto é constituído de 24.859,09m², em que quatro lotes estão contidos, (Lote 1; Lote 2; Lote 7 e Lote 8), sendo que a área efetiva a ser irrigada é de 19.353,49m², em que foi dividida em 17 linhas de aspersão com variação no números de aspersores, dispostas com uma distância de 16m entre as linhas e 12m entre os aspersores. 

 

 Turno de Rega 

A vazão total do sistema é de 68,2m³/h, dividida em 4 turnos de rega. 
Tempo médio do turno será de 10h, e a lâmina aplicada de 2,86mm/h. 
Os turnos de regas estão nominados de Turno 1 à Turno 4. Suas vazões são: Turno 1 de 18,7m³/h; Turno 2 de 18,7m³/h; Turno 3 de 14,3m³/h e Turno 4 de 16,5m³/h.


 

 

Projeto de Bebedouro

 

 

Descrição do Projeto de Piqueteamento 

O projeto é dividido por quatro módulos, sendo cada módulo em um Lote. 
O módulo 1, localizado no Lote 1, é constituído por 17 piquetes com área de aproximadamente 384m²; o módulo 2, localizado no Lote 2, é constituído por 16 piquetes com área de aproximadamente 480m²; o módulo 3, localizado no Lote 7, é constituído por 4 piquetes com área que variam de 224m² à 268m² ; e o módulo 4, localizado no Lote 8, é constituído por 3 piquete com área de 336m².


I) Plantio 

Serão plantados 03 espécies de vegetais sendo: 
O tempo estimado para o plantio é de 58 horas.

I.1) Milho 

A área total para o plantio de milho é de 63.954,63m, dividida em linhas de 0,9m, com 5 à 7 sementes por metro linear plantadas, totalizando aproximadamente 66.666 plantas/hectare e 419.995 plantas no total. 
Objetivando uma produção de 40 toneladas de matéria original por hectare, totalizando 255,8 toneladas, ou 89.535,6 kg de matéria seca. 
Deverá ser aplicada adubação de plantio conformo recomendação agronômica. 
Deverão ser aplicadas adubações de cobertura conformo recomendação agronômica. 
O tempo estimado para o plantio é de 9 horas.


I.2) Grama Jiggs 

A área total para o plantio de milho é de 38.601,05m², dividida em 7 módulos com medidas variadas. 
O plantio será feito após a montagem da irrigação, nas áreas irrigadas e segundo previsão meteorológicas de precipitação pluviométrica, com espalhamento de mudas e posterior gradagem para enterramento. 
Deverá ser aplicada adubação de plantio conformo recomendação agronômica. 
O tempo estimado para o plantio é de aproximadamente 8 horas.

I.3) Mombaça 

A área total para o plantio de milho é de 7.792,92m², dividida em 2 módulos com medidas variadas. 
O plantio será feito segundo previsão meteorológicas de precipitação pluviométrica, com espalhamento de sementes. 
Deverá ser aplicada adubação de plantio conformo recomendação agronômica. 
O tempo estimado para o plantio é de aproximadamente 2 horas.




Projetos Complementares


Planta da Ordenha

 

Planta adaptada de projeto EMBRAPA

 

 

Planta do Curral de Manejo

 




quarta-feira, 24 de abril de 2013

Jeito Simples de Ser Feliz

Leite em Família!
Hoje começaremos a exibir um pouco do projeto Chácara Lírio Branco que fica no município de Guapiaçú, na curva da saída para Cedral.
Está propriedade vem implantando e manejando um projeto de Pastejo Intensivo, Rotacionado e Irrigado, para produção de leite.
O perfil da propriedade pode ser descrito como familiar, intensivo e ocupando uma pequena área 20.000m². O investimento deve vir do retorno financeiro conseguido com a produção de leite, venda de queijos artesanais, venda de animais e alguns serviços prestados pela família para outros produtores.

O Projeto:
Este projeto foi concebido para possibilitar a divisão da área de pasto em quatro módulos que devem comportar até cinco lotes de animais.
De cima pra baixo; bezerras, novilhas, 1º lote de animais lactantes, 2º lote de animais lactantes. Sendo que o ultimo módulo tem capacidade para suportar um lote de animais secos, no repasse de pastejo.
Outro ponto a destacar neste projeto é a manutenção da idéia de integração entre o projeto de irrigação e o manejo dos animais.
Boa parte dos suportes de cercamento (lascas ou palanques) coincidem com os suportes dos tubos de subida da irrigação.
A irrigação por sua vez tem seu trajeto quase na totalidade protegido e correndo embaixo dos fios de arame das cercas elétricas.

A Implantação:
Com capacidade de investimento limitada, o projeto está sendo implantado aos poucos.
Hoje, no terceiro ano, os frutos colhidos permitiram a implantação quase total, restando apenas a finalização da nova planta da ordenha e o plantio de eucalípto para sombreamento.
A irrigação está funcionando parcilamente há dois anos e meio e recentemente foi finalizada, aproveitando materiais de uma antiga e ineficiente planta de irrigação existente anteriormente ao projeto.
É claro que a experiência adquirida em oito anos no manejo de pastos é usada para avaliar, conduzir e manejar o novo projeto.

Os Resultados:
O pasto formado pela gramínea Jiggs (Grama Bermuda, cultivar Jiggs) que já dava resultado com a irrigação antiga, agora exprime melhor seu  potencial.
Ainda estamos evoluindo, estamos providenciando as análises foliar e bromatológica da pastagem para melhor formular as adubações de produção.
De qualquer forma, veja como estavam as pastagens no começo deste ano.
Projeto Chácara Lírio Branco - Guapiaçú-SP - 19/01/2013
Projeto Chácara Lírio Branco - Guapiaçú-SP - 19/01/2013
Projeto Chácara Lírio Branco - Guapiaçú-SP - 19/01/2013

 Continuando:
Estamos nos encaminhando para o inverno e espero poder divulgar grandes resultados conseguidos, mediante este período, quando o desafio aumenta.
Porém, acredito que este ano devido ao aumento no valor pago pelo leite, aos produtores da região, seremos beneficiados.
Acompanhem! 

terça-feira, 23 de abril de 2013

Recanto da Natureza

A Localização:
Localizada na Estância Joquei Clube, perímetro urbano de São José do Rio Preto, o "Recanto da Natureza" é um conjunto escrituras que formam uma única chácara.


Da área total foram separados cerca de 30.000m² para serem utilizados em um projeto de produção de leite com Pastejo Intensivo, Rotacionado e Irrigado.
A idéia é favorecer a produção de volumoso, pasto, usando técnicas de adubação, manejo e irrigação.
A forrageira instalada originalmente é o capim Mombaça que será substituído gradualmente, módulo a módulo, pela grama Jiggs.

O Projeto:
Esta propriedade, para atingir seu objetivo, será ocupada por um rebanho predominantemente de animais em lactação, sendo destinada para este a maior parte da área ocupada.
A recria limitar-se-a a algumas poucas novilhas e bezerras selecionadas para substituição dos animais em produção e bezerras lactentes. Os demais animais gerados e secos serão mantidos em outra propriedade.
Os animais serão divididos em dois lotes em lactação, um lote de novilhas em recria e um terceiro lote de animais em pré-parto ná área irrigada. Porém o "layout" do projeto de irrigação e piqueteamento é maleável e possibilita adaptações de acordo com as determinações do proprietário.
Apesar do rebanho atual ser misto, contando com animais Girolando e Jersey, segundo o proprietário, permanecerá o rebanho Jersey.
Apesar do projeto prever bezerreiros "Argentinos" (sistema onde os animais são cirados em faixas delimitadas por fio de arame ou cabo de aço fixado de um lado no bebedouro e de outro no comedouro, ambos individuais), no início serão utilizados piquetes coletivos.
Estamos no final do mês de Abril, a irrigação está sendo instalada e logo será feita a sobresemeadura de Aveia Preta e Azevém Barjumbo.
É claro que para o primeiro ano de implantação foi adquirida quantidade suficiente de silagem para a mantença dos animais.

A Montagem:


 

As obras estão acontecendo. As adutoras já foram escavadas e montadas, juntamente com os ramais e tubos de subida.
Iniciaremos essa semana com a fixação dos suportes dos tudos de subida, que em nosso projeto, são prioritariamente as mesmas lascas que sustentarão o cercamento.
Acompanhe nossa implementação.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Comportamento de Bovinos em Pastejo

A prática extrativista de produção de bovinos utilizando a pastagem tem sido abandonada e substituída por manejos intensivos que consideram a melhoria da oferta de forragem, a fim de permitir aumentos nas taxas de lotação animal. Neste contexto, o entendimento das preferências e hábitos de pastejo dos bovinos torna-se relevante em busca da maximização da utilização das pastagens.
Desta forma, este artigo discorre alguns dos pontos importantes do hábito de alimentação e da interação dos bovinos com o ambiente pastagem.

Introdução

Nos últimos anos têm ocorrido mudanças significativas sobre os conceitos da produção animal em pastagens. Modelos que preconizavam máximas produtividades, baseados quase em sua totalidade em elevadas doses de fertilizantes e com uso muitas vezes inconsequente de irrigação, denominados de “produção intensiva”, vêm sendo questionados e até substituídos por outras modalidades de exploração baseadas no melhor entendimento das relações planta-animal na pastagem. 
Para Carvalho (2005), o conceito de “intensificação” é um processo complexo e dinâmico, altamente dependente da compreensão e entendimento da interação das respostas de plantas e animais no ecossistema pastagem.
Dessa forma, uma reformulação dos conceitos relativos à condução de sistemas de produção animal em pastagens faz-se necessária, de modo que o manejo da pastagem deve ser encarado como a ação de criar ambientes pastoris adequados que aperfeiçoem o consumo de nutrientes pelos animais em pastejo (Carvalho e Moraes, 2005). 
Assim, ao assumir que as pastagens devem ser consideradas como uma população de perfilhos em processo contínuo de produção que pode ser acelerado pela desfolhação da planta e conseqüente melhoria do ambiente luminoso na base do dossel. O conhecimento dos animais, suas necessidades e preferências na busca e colheita do alimento nas pastagens é ponto-chave para a perenidade das gramíneas e intensificação dos sistemas de produção.

Análise

As plantas forrageiras, em seu processo evolutivo, desenvolveram mecanismos de resistência e adaptação ao pastejo a fim de assegurar sua sobrevivência. Briske (1996) os classifica como mecanismos de tolerância, que englobam adaptações fisiológicas de curto prazo, como a alocação preferencial de carbono para os meristemas apicais de perfilhos com o objetivo de maximizar o aparecimento e alongamento de novas folhas, e os mecanismos de escape, que envolvem adaptações morfológicas de médio e longo prazo, como por exemplo, o aumento da área foliar específica, que reduzem a severidade de futuras desfolhações.
As pastagens tropicais existentes no Brasil têm uma distribuição heterogênea no que condiz a quantidade e qualidade de forragem disponível, ocorrendo ainda grande variação de massa ofertada ao longo da época do ano, o que afeta sensivelmente a qualidade nutricional das plantas forrageiras devido as variações na relação caule:folha e na sua composição bromatológica (Figura 1) . 


Figura 1: Variação qualitativa de forrageiras ao longo do seu ciclo de crescimento e desenvolvimento.
Fonte: Adaptado de Blaser, et al., (1986), apud Oliveira


Laca e Lemaire (2000) denominam essa oferta desigual da parte aérea da forragem ao longo do ano de estrutura do dossel, e suas variações são determinantes para as respostas produtivas de vacas leiteiras em condições de pastejo. 

Em um ambiente de pastagem, as respostas tanto de plantas forrageiras como dos animais em pastejo são condicionadas e determinadas por variações em estrutura e dossel forrageiro (Hodgson e Da Silva, 2002).

Ao pastar, os bovinos tendem a levar a camada superior das plantas que contém mais folha, ou seja, ocorre uma preferência por folhas em detrimento ao caule, essa seletividade ocorre devido ao maior teor de proteína e teores mais baixos de fibra, o que conseqüentemente, proporciona digestibilidade maior das folhas em relação aos caules. Quando o relvado é curto eles compensam com o aumento do tempo de pastejo (Hall, 2002).

O processo de utilização e colheita da forragem pelos animais em pastejo (quantidade e valor nutritivo) é função do entendimento de aspectos relativos à interface planta:animal, característica determinante e condicionadora das relações de causa:efeito entre práticas de manejo do pastejo e desempenho animal. Portanto, o conhecimento da interação entre estrutura do dossel forrageiro e comportamento ingestivo é um passo fundamental a fim de que o manejo do pastejo possa ser considerado dentro de uma realidade de eventos fisiológicos, propiciando que tomadas de decisão sejam amparadas por critérios científicos baseados na forma e função das plantas forrageiras e na maneira pela qual estas influenciam e determinam o consumo de forragem de animais em pastejo (Reis e Da Silva, 2006).
O processo de pastejo adquire ainda um caráter bastante complexo se for considerado que os animais possuem preferências que se manifestam em função das restrições de acesso e oferta de forragem existentes (Da Silva 2006) e que também possuem uma capacidade de aprendizado que os confere uma memória de referência que pode durar cerca de 20 dias (Bailey et al., 1996), além de poderem delegar sensações boas ou ruins a um determinado tipo de forragem (Provenza, 1995) podendo assim evitá-las ou priorizá-las por algum tempo. 
Assim, o animal em pastejo é obrigado a tomar decisões rápidas para colher de forma eficiente a forragem. Em Da Silva (2006) são abordados diversos trabalhos (Laca e Demment, 1996; Gibb, 1998, Ruyle e Dwyer, 1985 e Prache et al., 1998), onde se conclui que essas tomadas de decisões dos animais envolvem um “julgamento” entre custo/benefício na aquisição de forragem, de forma que os mesmos, na tentativa de otimizar a forma de pastejo, elegem uma pequena área (um semicírculo hipotético, ilustrado na figura 2) denominada de estação alimentar, onde os bocados - menores escalas de decisão - são realizados. Ao conjunto de estações alimentares separado de outro conjunto por uma parada na seqüência de pastejo em que o animal normalmente se reorienta para um novo local corresponde a um patch, e um agregado de patches, em uma área contínua onde os animais pastejariam até a interrupção para descanso ou ruminação são denominados sítios de pastejo (Bailey et al., 1996). Este autor ainda determina um campo de pastejo como um agregado de sítios de pastejo delimitados por cercas ou barreiras naturais onde os animais teriam acesso a sombra e água.
Portanto, para lidar com o desafio de se alimentar em ambiente tão complexo, os animais em pastejo se obrigam a tomar inúmeras decisões. Decisões desde escalas em nível de segundos (bocado e estação alimentar (EA), de minutos (patch), de horas (sítio de pastejo - refeição), de dias (tempo diário de pastejo), até escalas em nível de ano, quando já se envolvem interações sociais, reprodutivas, migratórias, dentre outras (Bailey & Provenza, 2008).

Figura 2: Representação esquemática de um animal explorando uma estação alimentar.

Fonte: Stuth (1991) apud Da Silva (2006).

O deslocamento de animais em pastejo, em busca de novas estações alimentares foi muito bem apresentado por Carvalho e Moraes (2005) em condições de baixa e alta oferta forrageira (Figura 3).

Figura 3: Representação esquemática da distribuição de estações alimentares numa pastagem hipotética em situação de elevada (a) e de baixa massa de forragem (b).
Fonte: Carvalho & Moraes (2005)

Na Figura 3 ficam nítidos dois patches área de pastagem, caracterizados pela interrupção na seqüência de pastejo. Nos patchs observados na situação de elevada massa de forragem, o número de estações alimentares é menor, devido ao maior tempo de permanência em cada estação alimentar. Pela representação, pode-se verificar a possibilidade de sobreposição de estações alimentares, particularmente em baixas massas de forragem. 
A área das estações alimentares é semelhante em ambas as situações, pois é definida pelo alcance do pescoço e da língua do animal. As estações na pastagem de maior massa são mais escuras, ilustrando a maior concentração de forragem em tais condições, das quais decorre o maior tempo de permanência na estação.
Os animais utilizam padrões de deslocamento diferentes em função da oferta de forragem (Hengeveld 2007 apud. Carvalho et al. 2008)
O hábito de pastejo dos ruminantes condiz de um movimento para “cercar” a forragem com a língua e os dentes incisivos inferiores, prendendo o material no palato superior e em seguida, um movimento de cabeça rompe a forragem. Quando há pouca folha os bovinos compensam pastando por longos períodos e com uma taxa de bocado crescente, podendo chegar a até 70 bocados por minuto (Phillips, 1993). Desse modo, a ingestão diária de forragem é o resultado do produto entre o tempo gasto pelo animal na atividade de pastejo e a taxa de consumo de forragem durante esse período que, por sua vez, é o resultado do produto entre o número de bocados por unidade de tempo (taxa de bocado) e a quantidade de bocado (massa de bocado) (Erlinger et al., 1990 apud Reis e Da Silva, 2006). Sendo a massa de bocado a variável mais importante na determinação do consumo de animais em pastejo e a mais influenciada pela estrutura do dossel forrageiro (Hodgson, 1985).
A ingestão de forragem por bocado é muito sensível a variações estruturais, particularmente em altura de dossel forrageiro (Cosgrove, 1997) e assim, caso ocorra uma redução da massa de bocado, o consumo de matéria seca também será afetado. 
A seletividade ou processo seletivo é a medida de escolha de alimento e tem influência sobre o comportamento ingestivo de bovinos em regime de pastejo. A preferência dos animais por determinado alimento é conseqüência de fatores conjuntos, inerentes às plantas (composição químico-bromatológica, morfologia, estágio de maturação e disponibilidade), ao ambiente (clima e solo) e ao manejo adotado. 
Pressões de pastejo mais leves possibilitam aos animais a oportunidade de seleção para composição de suas dietas, favorecendo a escolha por partes mais palatáveis e nutritivas (Oliveira et al., 2007), o que permite aos animais selecionar as folhas em detrimento aos caules. Enquanto elevadas pressões de pastejo atuam de forma contrária, resultando em consumo de partes menos palatáveis (caules) das forrageiras. Assim, o conhecimento de como a disponibilidade de matéria seca proveniente de folhas verdes varia com o avanço da idade da planta, em diferentes condições de manejo e de ambiente, ao longo do ano, é fator fundamental para obtenção de máxima produção por unidade de área (Barbosa, 1998).

Conclusão

O manejo de pastagens deve ser visto como a construção de estruturas de pasto que favoreçam a colheita de forragem pelo animal em pastejo.
Uma vez que o processo de pastejo se dá em diferentes escalas, cada uma delas com padrões diferentes de comportamento por parte animal, as ações de manejo das pastagens afetam o processo de pastejo diferentemente em cada escala.

Alberto Chambela Neto 

Fonte: IEPEC

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Pastejo rotacionado irrigado chama atenção em Vianópolis

 Sistema de irrigação do pastejo rotacionado da Fazenda Estrama

Muitos produtores seguem a máxima de São Tomé – ver para crer. Antônio José Caixeta participou da palestra sobre o Projeto Balde Cheio, difundido pela Embrapa Gado de Leite, unidade de São Carlos em São Paulo, em Bela Vista de Goiás.
O especialista expôs com clareza as vantagens do pastejo rotacionado irrigado por aspersão com o uso da grama Tiffton 85. Saiu da palestra pensando em aplicar o sistema na Fazenda Extrema, município de Vianópolis, município vinculada a Emater Regional Rio das Antas com sede em Anápolis.
Importante na época da seca, quando as chuvas se tornam bastante raras, a irrigação é a saída para manutenção de pastagens na seca. O gado tem o que comer e em consequência produzir leite numa época de “vacas magras”.
Para melhorar a vida de seu Antônio, os técnicos da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) asseguraram o seu apoio. “A orientação do pessoal da Unidade Local de Vianópolis valeu”, comemora o agricultor familiar, satisfeito com os resultados

http://www.emater.go.gov.br/w/2212 

Produção Intensiva de Gado em Pasto Irrigado por Pivô

Um Novo Empreendimento no Oeste da Bahia

Um dos novos empreendimentos no Oeste da Bahia é a produção intensiva de gado em pasto irrigado por pivô. O gado não é alimentado com grãos, e vai direto ao mercado depois de 12 meses no pasto. Há um forte mercado para gado de corte alimentado com pasto mesmo porque os consumidores brasileiros não estão acostumados a gado alimentado com grãos. 

O Sistema de Produção

Um sistema de produção de pivô de 103 ha puxados de águas de rios ou poços é tipicamente instalado em cerrados recém limpos. O solo é delineado e fertilizado com super fosfato simples, discado e plantado para pasto. O circulo é dividido por cercas elétricas em vários cercados. Um portão de cada cercado é aberto na área central que serve como resto de área com água e sal mineral.
O empreendimento começa com 1.100 bezerros pesando em média 6 arrobas (180kg) por cabeça. Os bezerros são divididos em dois lotes, com um lote pastando um novo cercado um dia, e então se dirigem para o prévio cercado pastado no segundo dia. 
A média de ganho por cabeça a cada mês é de 0,8 arrobas (24 kg). Após 12 meses, o ganho total é de 9,6 arrobas (288 kg) por cabeça. O gado é vendido nas fazendas e vai para o mercado aos 18 meses de idade pesando em média 15,6 arrobas (468 kg) por cabeça. A mão de obra necessária para operar um pivô de um conjunto de animais é mínima. Uma pessoa maneja três pivôs, embora trabalhadores adicionais sejam necessários para vacinação, controle de inseto e peso.

http://www.agbrazil.com/p/cattle_production.htm

Financiamentos para Irrigações - Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem - Moderinfra

 

Objetivos

Apoiar o desenvolvimento da agropecuária irrigada sustentável, econômica e ambientalmente, de forma a minimizar o risco na produção e aumentar a oferta de produtos agropecuários;

Itens financiáveis

Investimentos relacionados com todos os itens inerentes aos sistemas de irrigação e de armazenamento, inclusive reforma, de forma coletiva ou individual; implantação e recuperação de equipamentos e instalações para proteção de pomares contra a incidência de granizo; e a construção, modernização, reforma e ampliação de instalações destinadas à guarda de máquinas e implementos agrícolas e à estocagem de insumos agropecuários. 

Taxa de juros

5,5% ao ano.

Limite do financiamento

Até R$ 1,3 milhão por cliente, para empreendimento individual, e até R$ 4 milhões, para empreendimento coletivo, respeitado o limite individual por participante.

Prazo total

Até 12 anos, incluída a carência de até 3 anos.


http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Programas_e_Fundos/moderinfra.html